Minha lista de livros que li no ano, organizados na ordem dos que eu mais gostei para os que menos, já ganhou, em Março, um potencial pole position. Luzia-Homem, do escritor cearense Domingos Olímpio é um livro fascinante e, então, para imitar a Camila Travassos: #ficaadica; e para imitar o Thiago César: #RECOMENDO. Thay Freitas, temos que criar nossos bordões...
O livro conta a história de Luzia, uma mulher muito bonita de corpo e em alguns momentos se mostra bem vaidosa. Mas também tem a força física de um homem, sua força de trabalho e coragem é sempre invejada pelos demais. Ganhou o apelido de Luzia-Homem no dia em que seu amigo Raulino estava sendo atacado por um boi e ela foi lá, derrubou o boi com as mãos [lembrar da cena do Selton Mello derrubando um em Lisbela e o Prisioneiro] e ainda carregou o amigo nos braços até a enfermaria.
Luzia é apaixonada por Alexandre, que tem as características atribuídas aos homens de bem: honesto, respeitador, dedicado, companheiro, humilde. Ele também é apaixonado por ela, mas há uma frescura sem tamanho para eles ficarem juntos. E tem também o Crapiúna, um soldado obsessivo por ela, e vai fazer tudo que há de ruim para afastar o casal. Pense em tudo de ruim que o ser humano pode ser e coloque em Crapiúna. Ainda faltará alguma coisa para definir completamente esse malamanhado.
A história, mais do que resumida, é assim: como Luzia não dá trela para o soldado, ele assalta o armazém que Alexandre trabalha a faz parecer que foi este que cometeu o crime. O bonzinho vai preso e Luzia se dedica inteiramente a soltá-lo. Terezinha, melhor amiga dela, descobre uma prova de que o culpado é Crapiúna, entrega-o e fazem a permuta: soltam Alexandre e prendem meliante. Depois ele consegue fugir, vai se vingar de Terezinha, Luzia a defende e acaba morrendo, mas antes arranca um olho do fi duma égua com a mão [vibrei nessa hora!].
A cena final resume bem o que transmite o livro. A morte de Luzia, com um olho de Crapiúna na mão direita, representando o mal; e o cravo que Alexandre lhe deu na mão esquerda, representando o bem. Essa dualidade permeia todo o livro.
O livro mantém duas características clássicas do Naturalismo por toda obra: o cientificismo na linguagem do narrador e o determinismo [teoria de que o homem é definido pelo meio]. O texto todo é muito ágil, com momentos de descrições. As coisas acontecem rapidamente, o que deixa o texto bem empolgante, e as descrições do autor são bem vivas, como poucos sabem fazer.
A linguagem do narrador é científica, mas a fala e a ação dos personagens, não. A religião é uma marca sempre presente nos diálogos e nas atitudes. Essa participação intensa da religião também traz uma característica bem brasileira quanto a fé: a mistura de religiões. Todos são predominantemente católicos, mas tanto Crapíuna, quanto Terezinha procuram a magia negra para conseguir algumas coisas, e o curioso é que esse ritual é feito para Santo Antônio que, pelo que eu sabia, era apenas o santo casamenteiro.
As críticas que encontrei sobre o livro disseram que a linguagem é retórica demais, mas eu discordo. Olímpio demonstra conhecer bastante da vida, rotina e linguajar do sertanejos, mas sem encher o texto de palavras coloquiais, como os modernistas, que dificulta um pouco a leitura dos que desconhecem os termos regionais.
O Determinismo no enredo é marcante. Os personagens apontam a seca como a causadora de seus problemas. Mas não é só nesse sentido. Eles também levantam a Lei do mais forte, da evolução das espécies, por isso o sertanejo teria muita dificuldade de demonstrar sentimentos.
Tem um outro determinismo mais literário. Além do triângulo [obtuso] amoroso, há muitos personagens secundários que influenciam diretamente o percurso da história: Terezinha, Raulino, Dona Zefinha, Belota, Quinotinha, Gabrina, Promotor, Matilde, delegado, Gabrina, e esses são só para citar os que aparecem um pouco mais. Desses, fora Terezinha e D. Zefinha [mãe de Luzia], aparecem uma vez ou outra, somam à história e depois somem! Mas afinal, sua história é escrita só por você?
O livro conta a história de Luzia, uma mulher muito bonita de corpo e em alguns momentos se mostra bem vaidosa. Mas também tem a força física de um homem, sua força de trabalho e coragem é sempre invejada pelos demais. Ganhou o apelido de Luzia-Homem no dia em que seu amigo Raulino estava sendo atacado por um boi e ela foi lá, derrubou o boi com as mãos [lembrar da cena do Selton Mello derrubando um em Lisbela e o Prisioneiro] e ainda carregou o amigo nos braços até a enfermaria.
Luzia é apaixonada por Alexandre, que tem as características atribuídas aos homens de bem: honesto, respeitador, dedicado, companheiro, humilde. Ele também é apaixonado por ela, mas há uma frescura sem tamanho para eles ficarem juntos. E tem também o Crapiúna, um soldado obsessivo por ela, e vai fazer tudo que há de ruim para afastar o casal. Pense em tudo de ruim que o ser humano pode ser e coloque em Crapiúna. Ainda faltará alguma coisa para definir completamente esse malamanhado.
A história, mais do que resumida, é assim: como Luzia não dá trela para o soldado, ele assalta o armazém que Alexandre trabalha a faz parecer que foi este que cometeu o crime. O bonzinho vai preso e Luzia se dedica inteiramente a soltá-lo. Terezinha, melhor amiga dela, descobre uma prova de que o culpado é Crapiúna, entrega-o e fazem a permuta: soltam Alexandre e prendem meliante. Depois ele consegue fugir, vai se vingar de Terezinha, Luzia a defende e acaba morrendo, mas antes arranca um olho do fi duma égua com a mão [vibrei nessa hora!].
A cena final resume bem o que transmite o livro. A morte de Luzia, com um olho de Crapiúna na mão direita, representando o mal; e o cravo que Alexandre lhe deu na mão esquerda, representando o bem. Essa dualidade permeia todo o livro.
O livro mantém duas características clássicas do Naturalismo por toda obra: o cientificismo na linguagem do narrador e o determinismo [teoria de que o homem é definido pelo meio]. O texto todo é muito ágil, com momentos de descrições. As coisas acontecem rapidamente, o que deixa o texto bem empolgante, e as descrições do autor são bem vivas, como poucos sabem fazer.
A linguagem do narrador é científica, mas a fala e a ação dos personagens, não. A religião é uma marca sempre presente nos diálogos e nas atitudes. Essa participação intensa da religião também traz uma característica bem brasileira quanto a fé: a mistura de religiões. Todos são predominantemente católicos, mas tanto Crapíuna, quanto Terezinha procuram a magia negra para conseguir algumas coisas, e o curioso é que esse ritual é feito para Santo Antônio que, pelo que eu sabia, era apenas o santo casamenteiro.
As críticas que encontrei sobre o livro disseram que a linguagem é retórica demais, mas eu discordo. Olímpio demonstra conhecer bastante da vida, rotina e linguajar do sertanejos, mas sem encher o texto de palavras coloquiais, como os modernistas, que dificulta um pouco a leitura dos que desconhecem os termos regionais.
O Determinismo no enredo é marcante. Os personagens apontam a seca como a causadora de seus problemas. Mas não é só nesse sentido. Eles também levantam a Lei do mais forte, da evolução das espécies, por isso o sertanejo teria muita dificuldade de demonstrar sentimentos.
Tem um outro determinismo mais literário. Além do triângulo [obtuso] amoroso, há muitos personagens secundários que influenciam diretamente o percurso da história: Terezinha, Raulino, Dona Zefinha, Belota, Quinotinha, Gabrina, Promotor, Matilde, delegado, Gabrina, e esses são só para citar os que aparecem um pouco mais. Desses, fora Terezinha e D. Zefinha [mãe de Luzia], aparecem uma vez ou outra, somam à história e depois somem! Mas afinal, sua história é escrita só por você?
Carlos Augusto Ribeiro Neto
http://caribeironeto.blogspot.com/
http://twitter.com/caribeironeto/
5 comentários:
mash, da proxima vez tenta nao contar o final, vah lah! hehehe...
boa ideia essa de colocar os endereços eletronicos no final junto à assinatura. eu ia fazer de outro jeito, mas acho q vou te imitar!
=P
Deu até vontade de ler a obra! Gosto de livros que conseguem demonstrar um certo regionalismo. :D
Mas concordo com o Thiago, que contar o final da história não é uma boa ideia.
E que venha mais domingos de Literatura!!
=)
concordoooo
negócio do botar o final - -'
pelo avisa xD
inda bem que vi que li foi o livro todo não só parte dele como tinha achado...
mas gostei da resenha!
interessante a proposta do blog gostei! =)
Então vamos lá:
1º- Realmente, estavas certo ao me dizer que teu texto está sério (ou a minha forma de escrever que é avacalhada demais, não sei...).
2º - Se tem uma coisa que eu não aprecio, é que me conte os pormenores ou aquilo que é mais importante de um livro ou filme. Logo, concordo com os comentaristas acima: é melhor não contar o final da história. Por que, afinal de contas, como canta Paulinho Moska, "então me diz qual é a graça de já saber o fim da estrada quando se parte rumo ao nada?" XD
Espero mais indicações.
(:
Gostei da resenha. Ela é direta e com um misto de informalidade e formalidade, logo, alcança o prestígios de diversos leitores. A temática da obra parece-me interessante, até porque aprecio esse tom Naturalista em obras, apenas não gostei do nome das personagens... Dá o suposto tom regional, atinge um efeito, mas talvez torne-se forçoso demais. Mas terei que ler a obra para fazer alguma crítica literária.
E sobre o final, acho que os comentaristas acima deixaram largo o recado...eheheh
No mais,
Belo trabalho, leitor.
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